segunda-feira, 11 de julho de 2011

Conto - Tempo e Espera

Olá, queridos...
Segue um conto meu... Divirtam-se...


Tempo e Espera

Por: Rubervânio Rubinho Lima

Ontem ficamos até tarde, um olhando para o outro, na cama. Não queria adormecer. Queria ficar contemplando-a a madrugada toda. Parece que ela não queria dormir também, mas, enfim, seus olhinhos foram baixando devagarzinho, até que penderam e se grudaram. Aquilo tudo era um êxtase. Não quero nem relembrar tudo quanto passei para podermos estar juntos. Só Deus sabe o quanto sonhei com esse momento, o de tê-la ali em meus braços. A espera me matava. Estava um tanto aflito, por achar que não mais gostaria de mim. Isso também me apavorava. Afinal, passei uma eternidade sem vê-la. Agora é só essa a visão que quero ter. A televisão ligada, sem áudio, só para clarear o quarto. Nenhum filme da madrugada me chamaria atenção. Eu nem queria. Só queria contemplá-la. Era uma sensação de protegê-la que me impulsionava a querer aconchegá-la mais e mais em meus braços. Ela era só sono. Acho que deveria sonhar também. Sonharia conosco? Sonharia sim. Também desejou muito aquele momento. Em seus lábios, um sorrisinho angelical e sem mácula denunciava que sonhava com coisas felizes. Depois de passarmos quase a noite toda, desde o momento em que ela chegou, a procurarmos reaver todo o tempo de distância, o sono era inevitável. Estávamos exaustos, mas com tanta alegria... Comecei a ficar com os olhos pesados. Tentei resistir ao cansaço, pois o tempo ao lado dela era precioso. Segurei na sua mão macia e pequena, tentando alentar-me e fui rememorando os minutos que antecederam esse momento. Fui relembrando da nossa conversa. Tínhamos muitas e muitas coisas para conversarmos. Os assuntos até se atrapalhavam, de tão acumulados. Ela sorria. Sorria de tudo que eu dizia ou fazia. Seu rostinho, seu sorriso, tudo me alegrava. Eu acabei dormindo e nem me recordo em qual momento. Dormi um sono tranquilo e sonhei um sonho bom. Um sonho de que não nos separaríamos nunca mais. Ela era minha pra sempre. Eu caminhava por um bosque florido, com ela segurando minha mão e sorrindo o tempo todo. Enfim, acordei. Fazia um friozinho pela manhã, pois agora é inverno e nesses dias a gente nem quer se levantar. Hoje tava bom pra ficar na cama até mais tarde. Resisti à preguiça. Levantei-me de um salto, com ela ainda a dormir. Fiz um esforço para tirar meu braço de sua cabecinha linda sem a acordá-la. Preparei um café bem caprichado, com chocolate quente e torradas, com ela sempre gostou. Acordei-a, enfim. Já por volta das nove horas. Ela adorou a refeiçãozinha matinal na cama e eu me contentei apenas em vê-la comendo. Estava eufórico com ela, bem ali na minha cama, na minha casa e não existia fome. Alimentava-me do seu riso, da sua face meiga. Eu a amava mais que tudo. Não havia muito tempo que descobrira isso. Ficou a me relatas mil e um casos em que vivera. Eu bebia todas as suas palavras. Vez por outra acariciava seu rosto e a beijava na testa. Às onze horas, meu coração começou a apertar, pois já se aproximava um momento que não desejaria que acontecesse. Ela iria partir ao meio dia. Contra a minha vontade, contra a dela, mas era o certo. Enfim, sua mãe a veio pegar. Estava no acordo, depois da nossa separação, mas para mim é sempre difícil aceitar isso. Agora minha filhinha se foi para outro estado, novamente, e só a verei no próximo ano, quando for o seu aniversário de dez anos. Essa separação é uma tortura, mas tenho que aguentar. Vou passar o resto desse sábado para reviver tudo que passamos ontem, eu e a minha querida menininha.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Um comentário:

  1. AAAi que lindo. Me emocionei! Caramba, estou boquiaberta. Lindo, lindo, lindo. Parabéns, Rubinho. Este é, certamente, um dos melhores textos que já li. Permite que eu o copie em meu blog?? (ao transmitir, serei fiel)
    Admiravelmente .. Jenny
    *-*

    ResponderExcluir