Olá, queridos leitores e amigos das artes.
Navegando pelo infinito cyber espaço, que é a internet, me deparei uma vez com um site de um escritor e achei a proposta dele muito interessante.
A ideia é de escrever micro contos, sendo que com exatos 100 carácteres.
O resultado é um livro e um blog em que o autor parece brincar com as palavras.
Confiram alguns dos CEM TOQUES CRAVADOS
CLASSIFICADO: "Alugo crianças para serviços externos. Oito a doze anos. Especialidade em semáforos."
Juntou as mãos para rezar. Já era tempo de um ateu como ele tomar jeito. Esperava parar o terremoto.
Beijos, toques, volúpia! Estavam exaustos quando o marido dela entrou em casa com um buquê de rosas.
Brincou de cavalo com um pai. Depois, de pião com o outro. À noite, o casal velava o sono do filho.
CLASSIFICADO: "Troco marido inútil, machista, bruto e traidor por rádio-relógio. P.S.: Volto troco."
Subiu em um prédio alto. Olhou pra cima. "Obrigado!". Desceu. Dias antes, não podia nem se levantar.
O casulo se partiu. De dentro, foi saindo uma borboleta. Slept! Azar nascer ao lado de um sapo, não?
De onde estava, Ana ouviu o marido elogiá-la. Ficou emocionada. Um viúvo saudosista... e cavalheiro.
Correu, pulou, chutou a bola, pisou na grama, correu novamente. Acordou. Ainda na cadeira de rodas.
Gritou "Ana" na sacada. Apareceu a mãe. Disfarçou. Jogou uma rosa. "Feliz dia das mães!" Era Páscoa.
Escreveu uma longa carta de amor. Depois envelopou. Pôs o seguinte endereço: "Céu, ao lado de Deus".
Pilhas de livros em volta dele. Amava ler ali. Terminou o que estava fazendo, deu a descarga e saiu.
Queria falar com ela, a timidez impedia. O ônibus freou. Ela caiu em seu colo. Sorrisos encabulados.
Acariciou e beijou a face negra do bebê. Intolerância no passado, perdão no presente. "Meu netinho!"
Mãos dadas pelas ruas. Ele conduzido por ela. Coração apertado pela separação: primeiro dia de aula.
Na sola, tinha um furo; na calça, um remendo. Na mão, um jornal com "PRECISA-SE" circulado à caneta.
Na caixa, uma foto, uma rosa seca, uma aliança e um bilhete escrito "Amo você". No coração, saudade.
Cem Toques Cravados
Foto: Thiago Albuquerque |
Uma regra entre aqueles que vivem de escrever reza que “menos é mais”. É simples: toda vez que uma palavra pode substituir várias, faça-o. Não é que o texto fica apenas mais sucinto; fica, também, mais correto e – por que não dizer? – mais culto. Evidencia, acima de tudo, que o autor domina seu instrumento de trabalho.
O escritor, roteirista e editor Edson Rossatto tem se esmerado em fazer dos textos curtos uma prática. Já publicou um livro exclusivamente de microcontos – textos com máximo de 600 caracteres – chamado Curta-Metragem, e incentivou outros escritores a se experimentarem nesta arte ao editar as coletânea Expresso 600 e Histórias Liliputianas, todos por sua editora, a Andross.
Há poucos meses, Rossatto deu um passo além e impôs a si mesmo o desafio de escrever nanocontos com 100 caracteres. Não se trata de textos com até 100 caracteres e sim com exatos 100 caracteres. Parece um detalhe, mas o fato é que tal precisão acrescenta um ingrediente de dificuldade ao desafio.
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